#1: Ian Anderson - Teatro Guaíra, Curitiba, 2005
Meu primeiro (e nada impressionante) show internacional.
Como introdução e teste das funções do Substack, escrevo sobre o primeiro show internacional que eu vi. Alguns textos aqui serão estritamente resenhas, enquanto outros falarão mais sobre minha experiência pessoal com o evento, às vezes focando na experiência pré ou pós-show. O relato abaixo é uma mescla de tudo isso.
OUÇA ENQUANTO LÊ - Playlist com as músicas do show (de um disco ao vivo que é praticamente a mesma coisa que foi tocada em Curitiba):
Ian Anderson
Data: 13/04/2005
Local: Teatro Guaíra, Curitiba
Acompanhado? Sim, do meu pai.
Preço à época: Entre R$80 e R$200
Em 2023: Custaria, aproximadamente, entre R$215 e $540.
Setlist: https://www.setlist.fm/setlist/ian-anderson/2005/teatro-guaira-curitiba-brazil-3d3817b.html
Como foi?
Foi meu primeiro show internacional, então eu deveria me lembrar de alguma coisa, mas muito pouco ficou na minha memória. Ian Anderson, vocalista e flautista do Jethro Tull, fez uma turnê no Brasil com a Orquestra Popular Paulista, e esse é meu primeiro registro de show visto no meu setlist.fm.
Meu primeiro show era para ter sido o Deep Purple em 2003, mas esse foi cancelado (história que conto em outro post). Em 2005, depois do Ian Anderson também veria The White Stripes (junho) e Pearl Jam (novembro), e qualquer um desses dois ficaria excelente como uma memória de primeiro show. Mas eu queria muito ir (e meu pai queria muito que eu fosse) a qualquer apresentação de artista internacional ao vivo, então Ian Anderson em Curitiba era o que estava ao alcance naquele momento. (Numa breve pesquisa, descobri que a turnê sul-americana dos White Stripes foi confirmada uma semana depois desse show, em 19 de abril.)
Nunca liguei muito para Jethro Tull. Acho que meu pai também não ligava – o único disco deles que ele tinha na época era uma edição especial do Aqualung com um vinil picture disc. Nos hospedamos no mesmo hotel que ele, já com a intenção de pegar um autógrafo no tal vinil.
O show foi ok, nada demais. Músicas do Jethro Tull tocadas com arranjo orquestral dificilmente vão conquistar alguém que não é fã da banda. Até gosto de algumas coisas da banda, mas aquela noite não me cativou, nem me tornou fã de música ao vivo. A faixa-título “Aqualung” era a única que a maioria ali parecia conhecer, e eu não estava muito longe disso. Acho que gostei de “My God” e “Locomotive Breath”, e o resto nem ficou registrado na memória. Vale comentar aqui que o Jethro Tull ainda estava oficialmente ativo em 2005, mas Ian Anderson estava em turnê solo.
Lembro de um momento em que uma mulher sem-noção ficou perto do palco tentando tirar fotos, até que Ian Anderson se irritou, foi perto dela e disse: “Let’s cut ourselves a deal”. Ironicamente fez uma pose para que ela o fotografasse à vontade, mas a criatura portadora de câmera não entendeu e virou as costas. Foi bem constrangedor.
A fotógrafa do site AfterHour, que estava na frente do palco tirando fotos, sem flash aliás, foi seguida por Ian, que foi junto com ela até lado direito do palco, onde se encontrava a imprensa. Já com os risos da platéia, o vocalista, fazendo uma pose engraçada, pede para que tirássemos uma foto dele, dando a entender que não queria mais saber de flashes na sua cara.
Resenha no Whiplash, por Clovis Roman dos Santos (https://whiplash.net/materias/shows/001059-jethrotull.html)
Após o show, meu pai e eu voltamos ao hotel, pegamos o vinil do Aqualung e ficamos esperando. Ian Anderson apareceu, autografou com uma canetinha que ele mesmo carregava, posou para uma foto conosco, e foi para seu quarto, tudo em questão de poucos minutos.
Meu pai e eu jantamos no bar do hotel, onde Florian Opahle, o guitarrista da banda de Ian, estava bebendo com uma moça. Conversamos brevemente com o casal. A moça mal falava inglês, mas tentou articular para Opahle que achava seu jeito de tocar parecido com o do Slash. Eu tinha uma proficiência decente no inglês e consegui traduzir a mensagem para ele. O guitarrista pareceu gostar da comparação. O casal subiu para o quarto, e foi a primeira vez que presenciei uma interação “rock star” x “groupie”, algo que sempre achei um tanto desconfortável de ver em pessoa.
Eu gostaria de poder dizer que meu primeiro show “de verdade” foi Deep Purple, The White Stripes ou Pearl Jam. Mas não posso, pois foi Ian Anderson com a Orquestra Popular Paulista tocando sucessos do Jethro Tull. Mas tudo bem, dois meses depois viria coisa melhor.